Acesse o nosso site: www.yabatur.com

segunda-feira, maio 30, 2011

Marieta Severo e Andréa Beltrão estreiam "As Centenárias" em Salvador da Bahia


'Carpideiras são, por extensão, atrizes: entoam suas incelências (cantos fúnebres) e derramam seu pranto velórios afora para instigar a catarse coletiva --e, vá lá, amaciar a "passagem" do morto.
Às atrizes de ofício, por sua vez, cabe sondar os fantasmas de quem ainda persevera por aqui, nos palcos da vida.
Choronas e intérpretes cruzam caminhos em "As Centenárias", peça de Newton Moreno ("Agreste") que estreia amanhã em São Paulo, depois de um ano e meio de sucesso no Rio, onde colheu boas críticas e três prêmios Shell.
Em cena, Marieta Severo e Andréa Beltrão encarnam Socorro e Zaninha, carpideiras da região do Cariri que rememoram episódios insólitos de suas "carreiras" enquanto esperam a chegada do defunto da vez.
Das lembranças, elas pinçam o caso do coronel que cisma em matar sua amante infiel pela segunda vez, o do caixão de mil e uma utilidades e o do velório da mãe de Lampião, que quase lhes rende um emprego fixo no bando do cangaceiro.
No passado também reside a história que oferece um contraponto dramático ao tom predominantemente jocoso da peça: a do esforço de Zaninha e Socorro em enganar a "patroa", determinada a levar consigo o filho da primeira.
"A maternidade frustrada, que não pode se realizar, é um dos grandes temas do espetáculo", aponta Marieta. As carpideiras talvez encontrem um alento para esse instinto materno tolhido no próprio trato com os mortos, sugere Moreno:
"O ritual de cantar para dormir, para 'fazer a passagem' lembra as cantigas de ninar. E os cuidados com o morto, como lavá-lo e trocá-lo, aproximam o caixão de um berço".
Ele escreveu o texto de "As Centenárias" por encomenda das atrizes, que queriam distância do "universo neurótico" (expressão de Marieta) de "Sonata de Outono" --as duas atuaram na adaptação do filme homônimo de Ingmar Bergman (1918-2007).
Com carta branca para criar, promoveu a protagonistas as carpideiras que apareciam no segundo plano de dois de seus trabalhos anteriores, também ambientados no Nordeste.
Luto
As situações vividas por elas têm ecos da biografia do autor. "Entrou uma lembrança do velório do meu avô. Queria sentir onde a morte me alcançava, em que ponto começava o meu luto", diz Moreno.
O luto dos personagens seria dividido entre Marieta, Andréa e um casal de atores que se revezaria nos papéis secundários. Até que "bateu um olho grande", como diz Andréa, e as duas atrizes resolveram acumular todo o trabalho --com a exceção da Mulher de Luto, vivida por Sávio Moll.
O jeito encontrado pelo diretor Aderbal Freire-Filho para atender ao desejo das atrizes foi muni-las de mamulengos, os fantoches nordestinos. Assim, elas puderam dar voz, simultaneamente, a uma carpideira e a uma figura coadjuvante.
Uma das marcas do diretor, a encenação "aeróbica", que demanda muito do físico dos atores, volta a aparecer aqui. "É uma loucura. Elas terminam o espetáculo com os pés no gelo. Marieta se queixa todo dia, diz que agora vai fazer uma peça em uma sala e com um copinho de uísque na mão", brinca ele.
Fora do palco, o lamento de Marieta tem por alvo o projeto de reformulação da Lei Rouanet, que prevê o fim do veto ao uso do "mérito artístico" como critério de avaliação dos projetos que buscam incentivo. "Esse é um terreno perigoso. Como se vai julgar o que pode resultar num bom projeto artístico?", indaga ela, coproprietária (ao lado de Andréa) do teatro Poeira, no Rio. '
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u548337.shtml
AS CENTENÁRIAS
Texto: Newton Moreno
Direção: Aderbal Freire Filho
Com Andrea Beltrão, Marieta Severo e Savio Moll
Data: 10 e 11 de Junho
Horário: 21h
Teatro Castro Alves
Ingressos: Filas A a P – inteira R$ 100,00 - meia R$ 50,00
Filas Q a Z6 – inteira R$ 80,00 - meia R$ 40,00
Filas Z7 a Z11 – inteira R$ 60,00 - meia R$ 30,00
ps: valores sujeitos a conveniência e entrega.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe a sua opinião, sentimento, crítica ou "feedback" comentando aqui. Muito grato!