“Edukators”
Realidade e ficção rompem fronteiras. Os jovens que saíram às ruas nas
recentes manifestações reivindicando melhorias
sociais vão se reconhecer e se identificar com os Edukators.
Adaptado do clássico do cinema alemão de
Hans Weingartner, o espetáculo sintetiza a indignação de uma geração órfã de
revoluções. Rebeldes contemporâneos, Jan
e Peter se autodenominam os “educadores”, donos de uma revolução simbólica e
pacifista: eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e disseminam
mensagens de protesto. Tudo vai bem até um erro crucial durante a invasão da
mansão de um milionário, que leva a um sequestro. Em “Edukators”, o conflito de
gerações costura o retrato de uma juventude que não acredita em nada, mas nitidamente
sente falta das utopias. A adaptação para o teatro é de Rafael Gomes e direção
de João Fonseca. O elenco é formado pelo quarteto Natália Lage, Edmilson
Barros, Fabrício Belsoff e Pablo Sanábio.
O espetáculo
que fez temporadas no Rio de Janeiro, São
Paulo e Brasília faz turnê nacional no
segundo semestre de 2013.
O espetáculo – “Edukators”
“Seus dias de
fartura estão contados”. Ameaça terrorista? Manifesto? Desejo de mudar o mundo?
Utopia? A mensagem escrita em um bilhete e espalhada pelos ‘Edukators’ propõe
uma revolução. Eles não se conformam com a desigualdade social, é preciso
reverter a lógica capitalista, transformar o pensamento de cada indivíduo. É
tempo de mudança, movimento. Os ‘Edukators’ nasceram no cinema, fruto da
imaginação do roteirista e diretor austríaco Hans Weingartner, mas podem estar
na sala ao lado. Realidade e ficção desatam os nós, rompem as fronteiras.
A criação de Hans Weingartner tornou-se um dos mais cultuados filmes dos
últimos anos, uma espécie de manifesto da nova geração, carente de utopias e
ideias, dividida entre a nostalgia de um espírito revolucionário e a aceitação
do “fracasso” de movimentos que pregavam a justiça e igualdade social. O filme
foi indicado à Palma de Ouro em Cannes e narra à história de três jovens
que vivem em Berlim e praticam uma série de ações pacifistas. Eles acreditam
que podem mudar o mundo, se auto intitulam ‘Edukators’ e procuram espalhar sua
indignação de forma pacífica, invadindo mansões para divulgar suas mensagens de
protesto. Eles não roubam nada, apenas alteram os móveis de lugar,
desconfiguram o espaço. O objetivo é confundir, ameaçar simbolicamente. A
invasão é arrematada com um bilhete no qual se lê a frase-manifesto: “Seus dias
de fartura estão contados”.
Elenco
Pablo Sanábio e Fabrício Belsoff
vivem os Edukators Peter e Jan, respectivamente. Natália Lage é Jule, namorada
de Peter, que acaba descobrindo tudo e propõe a invasão da casa do milionário
Hardenberg (Edmilson Barros), a quem deve uma considerável quantia em dinheiro.
Algo dá errado e eles são obrigados a sequestrar Hardenberg. Da convivência e
embate entre esses quatro personagens brotam as mais belas reflexões do texto.
“Cada coração é uma célula revolucionária”. A relação entre os três amigos
também se altera, ainda mais quando vem à tona a atração entre Jule e Jan.
Nervos e desejos expostos. "O corpo é capaz de produzir drogas
poderosíssimas e viciantes, como a paixão".
Produção
Hans Weingartner ainda não tinha cedido autorização
para qualquer montagem de seu texto fora da Alemanha, mas se empolgou com o
projeto da adaptação teatral no Brasil e fez questão de vir ao país em janeiro
para acompanhar os preparativos finais e prestigiar a estreia carioca da peça,
além de preparar um vídeo exibido antes do espetáculo. “O vídeo fala sobre o jovem e a revolução,
faz um paralelo de movimentos semelhantes aos Edukators pelo mundo”, explica Pablo Sanábio, que comprou os direitos para a montagem e
associou-se à Primeira Página
Produções de Maria Siman, que assina a a direção de produção, para a realização
da montagem no Brasil . “O filme mexeu muito comigo pela capacidade,
ainda que utópica, de conseguir mudar o mundo com uma revolução pacífica. Eu
achava o ato deles extremamente teatral e por isso fiz questão de encenar aqui”.
O diretor João Fonseca é outro admirador do
filme e logo se juntou ao projeto. “A história é surpreendente porque fala de
jovens que ainda acreditam em mudar o mundo, que querem
fazer uma revolução em pleno século XXI”. E a adaptação de Rafael Gomes mantém esse espírito: “Ele
fez um trabalho admirável, porque consegue a proeza de ser absolutamente fiel
ao filme, mas ser original ao mesmo tempo”, enaltece João. O próprio Rafael
explica que procurou se equilibrar na tênue fronteira entre a liberdade e o
respeito ao original: “Tive que criar muita coisa, preencher lacunas que
o filme não abordava, ou abordava tangencialmente. Isso para a história
manter-se rica, complexa e interessante no teatro. Mas tudo o que eu
acrescentei, sob meu ponto de vista, está lá para corroborar a obra original”.
Rafael Gomes revela ainda que fazer essa adaptação foi
uma tarefa árdua. “Foi como escrever uma peça inédita, mas ao mesmo tempo ter
que contemplar diversos elementos já postos de antemão. Havia um filme de
sucesso que eu não podia desonrar”, explica. “Além disso, não se trata de um
filme ‘de texto’, é ‘de ação’ em termos de dramaturgia. A ação cinematográfica
teve que ser contada em cena. E, ainda sim, manter tesas as cordas de tensão,
com o público vendo tudo, sem a lógica de cortes e elipses do cinema”,
complementa. "Estruturei as informações sobre o passado dos personagens em
monólogos. A lógica temporal no cativeiro foi refeita. E o triângulo amoroso
ganhou um peso maior. Eu transformei totalmente o filme para parecer que não
mudei nada com o objetivo de fazê-lo virar uma peça", explica Rafael.
O espetáculo proporciona ainda uma grande experiência
de interatividade, seja através de recursos multimídias ou de uma inusitada
configuração da cena, que coloca o público em novo ângulo, podendo até mesmo
tornar-se parte da encenação. No prólogo o público “invade” a mansão juntamente
com os ‘Edukators’, quando só então
assistem à continuação da história. Para João
Fonseca, as novidades da encenação não alteram o foco principal: “é
importante propor o novo, mas o foco tem sempre que estar nos atores e no
texto, essa é a base do meu trabalho”.
Na versão brasileira, não há
necessariamente uma delimitação espacial para a história: “A história não cria
raízes, ela poderia se passar em qualquer grande centro urbano do mundo. Talvez
na medida em que não trazemos para o Brasil, automaticamente fiquemos em
Berlim, que é onde o filme está. Mas trazer para o Brasil é desnecessário e
poderia soar forçado”, explica Rafael
Gomes, que arremata: “Essa ideia do mundo como um lugar sem fronteiras,
multiconectado, isso também é algo pertinente ao texto. Então, melhor que
estejamos ‘no mundo’, mesmo! Porque, sim, o conflito humano (e político), tal
qual focado na peça, faz com que o espaço seja um mero detalhe”.
A equipe da montagem brasileira de ‘Edukators’ tem direção de produção de Maria Siman, cenários de Nello Marrese, figurinos de Bruno Perlatto, vídeos de Paola Barreto, iluminação de Luiz Paulo Nenen, trilha sonora de Rodrigo Penna e preparação corporal de Rafaela Amado.
Mais do que simplesmente um filme ou uma peça, ‘Edukators’ é um retrato de uma
geração, sob sua própria ótica, uma investigação sobre o que é ser jovem no
início do século XXI. A revolução começa dentro de cada um, no dia a dia, na
relação com o outro. “Algumas pessoas nunca mudam”. Outra afirmação presente no espetáculo que
traz muito de esperança e desesperança. Realidade ou utopia? Acomodação ou
revolução? Há escolha? A bomba cai diretamente no colo do público. Que cada
indivíduo pense e fale por si!
Edukators - Serviço
Duração: 75 minutos /
Classificação: 14 anos
Dia/horário: 10 e 11 de agosto de 2013. Sábado ás 21h e domingo
ás 20h
Local: Teatro Sesc Casa
do Comércio
Ingressos: R$ 70,00 inteira e R$ 35,00 meia*
*valores sujeitos a conveniência e
taxa de entrega de acordo com a localidade.
Sugestões, transportes, ingressos em
domicilio, grupos e serviços afins relacionados com a cidade do show;
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